Toda empresa está suscetível a altos e baixos. Eles são causados tanto por fatores externos, como a economia, política e mudanças de comportamento na sociedade, quanto internos, como a falta de gestão.
Não é à toa que a maioria das empresas encerra suas atividades após apenas 5 anos de funcionamento, segundo a pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo.
Porém, é possível se reinventar e sair da crise mais forte, através do planejamento e da capacidade de se adaptar a diferentes cenários.
Preparamos este conteúdo para ajudá-lo a detectar se este é o momento de sua empresa passar por uma reestruturação financeira.
A reestruturação financeira é a reorganização dos processos da empresa com vistas ao equilíbrio entre despesas e receitas e, consequentemente, maior lucratividade.
Conforme as empresas crescem, a movimentação financeira se torna mais complexa e exige mais conhecimento e ferramentas de organização. Do contrário, pode-se gastar mais do que se recebe e perceber tarde demais.
São muitas as situações que podem levar uma empresa a se reestruturar, as mais comuns são:
Fatores externos: crises econômicas, políticas, inovações e tendências do mercado. Por exemplo, a pandemia de COVID-19 pegou de surpresa muitas empresas. Elas não estavam preparadas para adotar as medidas de segurança e o trabalho remoto, assim como para a queda da demanda e inadimplência de clientes, que priorizaram o essencial.
Fatores internos: a empresa “entra no vermelho”, deixa de pagar funcionários e credores, assume dívidas e pode até ter realizado fraudes contábeis. Em cenários desafiadores, como esses, surge a necessidade de reestruturação financeira.
Vejamos algumas das vantagens de se fazer uma reestruturação financeira:
A reestruturação financeira é um processo complexo que envolve não apenas as finanças, mas outros aspectos que impactam indiretamente, como a gestão, marketing e até customer success.
Para que você não se perca, selecionamos quais são os passos fundamentais para começar a reestruturação financeira da sua empresa.
As despesas fixas são aquelas necessárias para que a empresa continue funcionando, ou seja, não há como se livrar delas. Pode-se citar aluguel, contas de água, energia e internet.
Embora não seja possível eliminá-las, elas podem ter aumento ou diminuição de acordo com o consumo e variação do mercado, por exemplo, a conta de água pode aumentar em razão da taxa de escassez hídrica.
Já as despesas variáveis referem-se às vendas e produção, desse modo, oscilam de acordo com as atividades empresariais. Pode-se citar como exemplo combustível, frete e multas. Elas são mais fáceis de contornar, se houver planejamento e negociação.
Note que a principal diferença entre a despesa fixa e a variável é que a primeira NÃO tem relação com o custo do produto, enquanto a segunda sim.
Esses conceitos são fundamentais para se fazer um planejamento financeiro.
É preciso colocar “na ponta do lápis” todos os gastos e realizar um diagnóstico: qual é a real situação da empresa? Quais são os setores mais afetados e porquê?
Nesse momento, pode-se inclusive detectar fraudes contábeis, as quais devem ser alvo da reorganização. Outro erro comum é misturar as despesas pessoais com aquelas da empresa.
Essas informações serão valiosas no momento de renegociar as dívidas junto aos fornecedores e enxugar despesas.
Diferente do que se possa imaginar, o marketing e valores empresariais estão relacionados à reestruturação financeira.
Atualmente, o desempenho de uma empresa está muito relacionado à sua presença digital, captação e entendimento das demandas dos clientes, desde a prospecção até o pós-venda.
O setor de marketing pode fornecer informações valiosas sobre eventual queda na procura e de credibilidade da empresa no mercado, os quais são sintomas da necessidade de reestruturação financeira.
Além disso, toda empresa deve ter valores bem definidos. Não subestime esse item, pois é ele quem irá orientar as estratégias empresariais, como a reestruturação financeira.
Mas o que são valores? São crenças, princípios e filosofias que a empresa acredita e defende.
Vejamos, por exemplo, os valores da Natura:
Isso é traduzido pela Natura em seus catálogos, campanhas e parcerias, nas quais pode perceber a presença de modelos com os mais variados perfis, sempre atrelando seus produtos à sustentabilidade e responsabilidade social.
Já pensou se a Natura tivesse esses valores, mas, na prática, estivesse envolvida com exploração de trabalhadores e da natureza? Sem dúvida, isso afetaria negativamente a percepção dos clientes, que adquirem o produto, também, em razão dos valores que lhe estão agregados.
Geralmente, o público dessa empresa está preocupado com a forma como os produtos são testados, produzidos, por exemplo, se são veganos, e com a preservação do meio ambiente.
Os valores devem ser difundidos entre os funcionários e o público-alvo. Nesse sentido, o marketing pode ajudar a diagnosticar se a empresa realmente tem difundido os valores que acredita.
Agora que você já conhece as vantagens e fundamentos da reestruturação financeira, vejamos como colocar isso na prática!
Ativos são os bens, valores e direitos de uma empresa. Sua principal característica é compor o patrimônio. Pode-se citar como exemplo as dívidas a receber, o mobiliário, matéria-prima e investimentos financeiros.
Já os ativos líquidos são aqueles que podem ser convertidos em dinheiro rapidamente. Por exemplo, ações, contas a receber e estoque.
Imagine quanto tempo levaria para vender um imóvel. Por isso, ele não é considerado um ativo líquido.
Quando se fala em giro de ativo líquido, procura-se saber se os ativos são utilizados da maneira correta, de modo a gerar mais riqueza. É preciso se perguntar: o que está sendo feito com o dinheiro?
Deixe que o dinheiro “trabalhe por você”, através de investimentos rentáveis.
Além disso, os ativos que não forem utilizados, tais como estoques e equipamentos, podem ser vendidos para saldar algumas dívidas da empresa.
Na terceirização, a empresa contrata outra empresa para que lhe preste serviços. Por exemplo, a contratação de uma empresa de segurança ou de serviços de limpeza.
A terceirização é vantajosa pelos seguintes aspectos:
O próprio Google tem mais funcionários terceirizados do que efetivos, o que o permitiu expandir.
Cabe ressaltar que, desde 2018, é possível terceirizar serviços de todas as etapas do processo de produção, independentemente de serem atividade-fim ou atividade meio.
Para não ser pego de surpresa, é fundamental planejar. Você já pensou em como gostaria que estivesse sua empresa daqui há 6 anos ou mais? O planejamento de longo prazo abrange esse período.
Para realizar esse planejamento, é necessário ter em mente a missão, visão e valores.
Além disso, uma ferramenta para fazer o planejamento de longo prazo é a análise SWOT, que citamos anteriormente.
Nela, descrevemos as:
Forças: as habilidades e vantagens em relação à concorrência.
Fraquezas: as falhas que interferem negativamente na atividade empresarial.
Oportunidades: chances de crescimento. Por exemplo, durante a pandemia de COVID-19, aplicativos de delivery bombaram. Algumas empresas resolveram implementar de vez o trabalho remoto, pois ele reduziu custos e aumentou a qualidade de vida dos funcionários.
Ameaças: acontecimentos que prejudicam a atividade da empresa.
Note que tanto as oportunidades quanto as ameaças, geralmente, têm origem externa, tais como mudanças na política, economia e tecnologia.
Já os pontos fortes e fracos têm origem interna, ou seja, dizem respeito à própria organização.
De posse dessas informações, pode-se melhorar os processos internos, prevenir falhas e inovar.
Quando uma empresa está perante dívidas, uma solução simples que vem à mente é aumentar o preço dos produtos ou serviços para ter mais lucro. Porém, nem sempre essa é a melhor alternativa a seguir.
O ideal é que o produto não seja tão caro que não possa ser comprado, nem tão barato que comprometa as finanças da empresa.
Para chegar a esse valor, utilizamos o markup, que é um método que nos mostra se o preço do produto ou serviço está adequado.
E como isso acontece?
Simplificando, trata-se da diferença entre os custos de produção e o preço de venda do produto ou serviço.
A fórmula do markup é a seguinte:
Markup = 100 ÷ 100 – (DF + DV + ML)
Sendo que:
DF: Despesas Fixas
DV: Despesas Variáveis
ML: Margem de Lucro Pretendida
Desse modo, para calcular o markup, é necessário ter essas informações.
Os conceitos de Despesas Fixas e Despesas Variáveis nós já vimos. Porém, aqui um detalhe faz toda a diferença: o custo de produção não deve ser incluído nas despesas fixas neste momento.
Já a Margem de Lucro Pretendida é o que se espera ganhar com a venda de cada produto ou serviço.
Vamos ao cálculo?
Markup = 100/100 – (3 + 2 + 5)
Markup = 100/100 – 10
Markup = 90
O próximo passo é multiplicar o custo de produção pelo markup.
Preço de Venda = CP x Markup
Por exemplo:
PV = 32 x 5,00
PV = 160
Note que o markup é uma estimativa, outros fatores devem ser levados em consideração junto com ele, tais como segmento da empresa, variações do mercado e os valores praticados pela concorrência.
Engana-se quem pensa que a jornada do cliente com a empresa termina com a venda do produto ou serviço. Pode ser mais vantajoso, inclusive, reter esse cliente do que investir mais em prospecção. Clientes satisfeitos tendem a consumir mais da mesma marca e indicá-la para outras pessoas.
O Customer Success surge como uma área que se preocupa com a experiência do cliente. Ele o acompanha para saber quais são suas reais necessidades e antecipar problemas.
De acordo com pesquisa realizada pelo Reclame Aqui, 51,2% dos consumidores estão dispostos a pagar mais caro por um produto apenas pela experiência de compra.
Sabe quem utiliza o Customer Success? A Apple. Seu público alvo adquire o produto pela experiência, design diferenciado e reconhecida qualidade, o que faz com que eles estejam dispostos a pagar mais. Quem costuma utilizar aparelhos da Apple sempre os troca por lançamentos da mesma marca.
Desse modo, investir em Customer Success é um fator importante para agregar valor à marca, fidelizar clientes, e, consequentemente, aumentar os lucros.
Mostraremos a seguir os erros comuns cometidos na reestruturação financeira:
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